Neste local histórico onde quase consegue imaginar os caçadores a entrar com perdizes e lebres e a pousá-las na mesa em pedra maciça, deixamos as cortesias da sua estada histórica nas mãos do nosso restaurante. Existe uma sala junto à sala comum onde o café da manhã é servido. Para almoçar ou jantar, atravesse o pátio real onde é tão fácil imaginar carruagens e cavalos em seu redor. Entre na Cozinha Velha e deixe-se encantar. Há sempre algo de intemporal em entrar numa cozinha e ver que tem uma lareira em pedra e uma enorme mesa cujo transporte desafia as leis da lógica.
Situado na antiga cozinha do Palácio de Queluz, continua inalterado na sua base - a mesa onde encontra o buffet de sobremesas que dá tanta fama à casa é a mesa onde se preparava toda a comida do Palácio. As chaminés são antigas e os cobres que se encontram expostos nas paredes são originais da cozinha. Debaixo da chaminé encontra-se um espeto onde se assavam as peças inteiras (bois, porcos) e inúmeras barras de fumeiro onde se preparava os enchidos de caça.
Com vista para o jardim e para o pátio de entrada do Palácio de Queluz, com tectos em madeira, janelas de guilhotina e mesas postas de forma simples e elegante, de forma a destacar ao máximo a comida, sinta-se transportado para uma outro mundo onde é fácil imaginar mulheres de grandes saias rodadas a mexer nas panelas de cobre. O lava-louca e a taça são absolutamente originais. Os quadros representam cenas de caça.
O couvert é uma mostra de gastronomia regional, não apenas da zona, mas de todas as regiões do país, já que este hotel histórico é também um embaixador do que de melhor se faz no País.
Pataniscas de bacalhau, saladinha de polvo e saladinha de bacalhau (de salga, desfiado muito fininho para ficar com um sabor muito aromático e pouco intenso) fazem parte do couvert excepcionalmente fresco, no qual se prova um pouco de todo o mar que banha Portugal em terra. Os ex-líbris da casa são o bacalhau espiritual; o linguado suado envolto em massa folhada que era uma das receitas de referencia da casa para receber convidados ilustres; e o chateubriand, um delírio de medalhão de lombo de quase meio quilo (400 g) cozinhado entre 2 bifes directamente sobre as brasas, para não secar.
A doçaria tradicional portuguesa é riquíssima, já que as filhas mais novas dos nobres eram muitas vezes enviadas para os conventos, não por vocação, mas porque não havia dinheiro suficiente para lhes pagar o dote. Nem tão-pouco havia interesse em dividir terras que se pretendiam apenas aumentar através de casamentos convenientes. Assim, tantas e tantas jovens, habituadas a tudo o que havia de bom, encontraram como único consolo na sua reclusão involuntária a capacidade de fazer doces com açúcar, ovos, amêndoa, gila, foram aperfeiçoando e preparando momentos verdadeiramente paradisíacos na terra. Não deixe de provar o Pudim Marfim, surpreendentemente leve, caramelizado, rico e saboroso.